Custos indiretos: 3 Dicas para reduzi-los na sua obra
- Fernando Casavechia
- 6 de out. de 2021
- 5 min de leitura
Ao fazer o orçamento e planejamento de uma obra, devemos colocar na conta dos custos os custos que teremos diretamente com a construção (material e mão de obra, por exemplo) e os custos indiretos, que são aqueles que não ocorrem necessariamente no canteiro de obras. Esse custo indireto, se não for controlado e medir, pode drenar todo o lucro de uma construtora. Neste texto, vamos abordar algumas dicas para reduzir esses custos indiretos.
O que são os custos indiretos?
São os custos que não estão relacionados diretamente à construção, mas fazem parte do negócio da construtora, como os custos da administração central, custos com manutenção e suporte para a equipe de obra, despesas financeiras, seguro...
Outros custos podem ser considerados como indiretos por não serem de fácil mensuração direta no m² construído da obra, mas que podem impactar no orçamento do projeto, como custos de manutenção e limpeza de canteiro, custos logísticos e de estoque.
Reduzir esses custos pode ser o grande diferencial de uma construtora para conseguir maiores margens de lucro e consequentemente ser mais competitiva no mercado. O raciocínio é simples, considerando um exemplo de duas empresas da mesma região e mesmo porte, provavelmente o custo direto de construção (material e mão de obra) entre elas não será muito diferente. O maior diferencial competitivo passa a ser os custos indiretos, que serão afetados basicamente pela eficiência e qualidade de gestão dos processos e da empresa. Quanto maior a eficiência e melhor a gestão, menores serão os custos da empresa.
Algumas práticas iniciais podem ajudar na redução dos custos indiretos:
1. Mapeamento de processo e identificação de ineficiências

Como já escrevi em outras oportunidades aqui no blog da uBeton, o primeiro passo para qualquer melhoria é o mapeamento dos processos executados pela empresa e identificar as ineficiências.
Esse mapeamento pode e deve ser feito para todas as atividades da empresa, sejam as atividades gerenciais e administrativas, até as atividades construtivas e de manutenção. Ao realizar esse mapeamento, colocando os valores e custos de cada processo, temos a possibilidade de analisar o que está saindo caro e verificar possibilidade de melhorias.
A falta desse mapeamento normalmente impede a implementação de novas tecnologias e inovações na empresa, pois sem saber quanto é o custo efetivo de um processo para empresa, é difícil identificar se o investimento em inovação trará o retorno positivo ou não.
Um exemplo é a dificuldade que construtoras e escritórios de engenharia possuem em validar o custo para introdução do BIM nas empresas. O BIM (Building Modelling Information) gera um alto custo de investimento e manutenção dos softwares necessários para criação e gestão dos modelos. Além dos treinamentos e adaptação de equipes. Mas, com o decorrer do uso, a eficiência no processo de geração e gestão de projetos cresce tanto que justifica o uso e investimento do sistema. No livro Manual de Bim (Eastman, Sacks, et. al) o quadro abaixo é apresentado:

Nele é possível ver que após adotar o BIM um escritório de projeto consegue reduzir em 19% as horas necessárias para execução do projeto. Só é possível fazer um levantamento deste tipo, se a empresa tiver mapeado quanto tempo leva em cada projeto.
2. Reduza custos indiretos ao implementar novas tecnologias

Ao mapear os processos fica mais fácil de implementar novas tecnologias e usar novas ferramentas. Muitas vezes a construtora ou incorporadora executa atividades que não precisam mais serem feitas ou que podem ser feitas muito mais rapidamente e com maior eficiência se utilizarem de tecnologias que já existem no mercado. O custo administrativo dessas eficiências, que afeta diretamente o lucro das empresas, só é percebido se for medido.
Todos os processos desnecessários, que são uma forma de desperdício (veja o e-book sobre os 7 Desperdícios do Lean) podem ser mapeados. E é obrigação daqueles que desejam ter uma empresa mais competitiva, achar maneiras de deixar os processos mais eficientes. Principalmente os processos realizados no escritório, muitas vezes negligenciados pelos gestores de construtoras e incorporadoras.
Atualmente, cresce o número de startups com soluções para otimizar processos tradicionais do setor da construção. Uma atividade como o mapeamento de terrenos e potencial VGV já é realizada por meio de Big Data. Gestão e acompanhamento de obras são feitas a partir de programas específicos para armazenar e gerenciar todas as etapas do processo. Novos métodos de venda e marketing digital, tão difundidos em outros setores, ainda encontram dificuldade em trilhar os caminhos na construção civil. Bem como processos extremamente burocráticos que não precisam mais serem feitos fisicamente, como assinaturas de contratos, que podem ser feitos por meio de plataformas de assinatura digital e gerenciamento de contratos.
Porém, essas soluções só vão fazer sentido e reduzir os custos operacionais das construtoras, se elas souberem quais são estes custos.
3. Processos construtivos mais eficientes

Complementando as outras duas dicas, obviamente os processos construtivos atuais da construção civil também precisam ser modernizados. Na obra, o custo da construção não reside apenas em materiais e mão de obra dedicada para a atividade final, mas sim em todo o processo construtivo. O custo de uma parede de alvenaria deve ser a soma dos custos diretos - custo do tijolo, da argamassa de assentamento, do pedreiro, do reboco - e dos custos indiretos - estoque de material, movimentação e transporte, preparação da massa na betoneira.
E essa separação dos processos e uso de métodos mais eficientes deve ser feita para todas as etapas da obra. Um exemplo evidente: por muito tempo as lajes eram preenchidas com concreto de forma manual - o concreto era preparado na betoneira e levado para a laje com carrinhos e baldes. Atualmente, o método mais usual é contratar uma empresa que fabrica o concreto usinado e bombeia o concreto diretamente na laje, em um processo muito mais rápido e eficiente. O custo direto do concreto (mistura areia, brita, cimento e água) pode ser até mais barato no primeiro método, mas os custos indiretos (tempo de preparação do concreto, movimentação, tempo para encher a laje…) é muito menor no segundo método.
Essa diferença que os processos mais eficientes geram é o grande motivo para a adoção de novas tecnologias. O engenheiro tem o dever de controlar seus custos, diretos e indiretos, e buscar constantemente maneiras de deixar seus processos mais eficientes. É evidente que toda mudança nos processos gera um desgaste e tempo de aprendizado, mas se as melhorias forem feitas de forma gradual e planejada, a chance de sucesso é elevada!
E você, como você busca reduzir os seus custos indiretos e deixar seus processos mais eficientes?
Espero que tenha gostado do texto e fico à disposição se quiser se conectar comigo em qualquer uma das redes sociais. Abraço!

Autor:
Fernando Casavechia Teixeira
Especialista em Lean Manufacturing pela PUCPR
Diretor Comercial na Ubeton
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